5 fevereiro, 2025

Musculação pode aumentar a imunidade contra infecções crônicas, releva pesquisa

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A ciência tem avançado de forma surpreendente ao revelar conexões inesperadas entre diferentes sistemas do corpo humano. Um estudo recente, publicado na Science Advances, investigou como os músculos esqueléticos desempenham um papel crucial na defesa do organismo contra infecções crônicas. Os pesquisadores observaram que, durante infecções prolongadas, a produção de interleucina-15 (IL-15) nos músculos aumenta significativamente, ajudando a manter as células T CD8+ ativas. Utilizando camundongos como modelo, os cientistas descobriram que a deficiência de IL-15 nos músculos resultou em uma maior exaustão dessas células, destacando a importância do músculo na manutenção da imunidade.

O papel crucial da interleucina-15 (IL-15)

Durante infecções virais crônicas, como as causadas por certos tipos de vírus, as células T CD8+, fundamentais na resposta imunológica, tendem a se exaurir, perdendo sua capacidade de combater eficazmente os invasores. No entanto, o estudo mostrou que os músculos esqueléticos aumentam a produção de interleucina-15 (IL-15) em resposta a essas infecções prolongadas. A IL-15 desempenha um papel crucial na manutenção das células T CD8+, protegendo-as da exaustão e permitindo que continuem a combater a infecção.

Linfócitos infiltrantes no músculo (MILs)

A pesquisa também destacou a importância dos linfócitos infiltrantes nos músculos (MILs), que são células T que se alojam nos músculos e mostram um potencial proliferativo maior do que as células T encontradas em outros órgãos, como o baço. Os MILs residem em um ambiente menos inflamado dentro do músculo, o que preserva sua capacidade de se multiplicar e se transformar em células efetoras, essenciais para a resposta imunológica.

Ambiente menos inflamado e preservação da “Stemness”

Um dos aspectos mais notáveis descobertos foi que o ambiente muscular, menos inflamado em comparação com outros tecidos, ajuda a preservar a expressão de Tcf1, um fator de transcrição crítico para manter a “stemness” das células T. Essa “stemness” se refere à capacidade dessas células de se auto-renovar e gerar novas células efetoras, garantindo uma resposta imunológica contínua e eficaz.

Deficiência de IL-15 e suas consequências

Para testar a importância da IL-15 derivada dos músculos, os cientistas utilizaram modelos de camundongos geneticamente modificados para não produzirem essa citocina específica nos músculos. Os resultados foram claros: a falta de IL-15 nos músculos levou a um aumento significativo na exaustão das células T CD8+, confirmando o papel vital do músculo na manutenção da imunidade.

Potencial terapêutico

As descobertas do estudo abrem portas para aplicações práticas e terapêuticas. Por exemplo, programas de exercícios físicos que promovam o aumento da massa muscular podem ser incorporados em estratégias de tratamento para melhorar a resposta imunológica em pacientes com infecções crônicas. Além disso, futuras terapias poderiam focar na modulação da produção de IL-15 pelos músculos, oferecendo uma nova abordagem para o tratamento de doenças que levam à exaustão imunológica.

A inibição da sinalização de TGFβ e aumento de massa muscular

Outro aspecto importante abordado na pesquisa foi o impacto da sinalização de TGFβ na perda de massa muscular. A inibição dessa via de sinalização resultou em um aumento na massa muscular e, consequentemente, na produção de IL-15. Isso não só melhorou a preservação das células T CD8+ nos músculos, mas também atenuou a exaustão dessas células em órgãos linfóides.

A comunicação entre músculos e órgãos linfóides

O estudo também sugere que os músculos esqueléticos e os órgãos linfóides mantêm uma comunicação contínua que é essencial para uma imunidade antiviral eficaz. Os músculos, ao abrigar uma população de células T menos diferenciadas e mais proliferativas, atuam como um reservatório que garante a reposição constante de células efetoras nos órgãos linfóides, que são mais expostos a inflamações.

Implicações para a saúde e qualidade de vida

Essas descobertas têm implicações diretas para a saúde e a qualidade de vida, especialmente para indivíduos com infecções crônicas ou em tratamento contra o câncer. Manter uma rotina de exercícios físicos não apenas melhora a condição física geral, mas pode ser um fator crucial na preservação e fortalecimento da resposta imunológica ao longo do tempo.

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